5- O que O Bem-Amado pode nos dizer sobre o Brasil de 2022?
O que o demônio na presidência atualmente e Odorico Paraguassu têm em comum?
Oi, como vai esta força?
Sou uma consumidora lenta de todo e qualquer produto que caia na minha mão. No caso das telenovelas, eu demoro, às vezes, quase um ano para terminar uma. Como costumo dizer, vou assistindo em suaves parcelas, apreciando o sabor de cada diálogo e atuação.
Com O Bem-Amado (1973), de Dias Gomes, não podia ser diferente. Comecei essa novela quando ainda morava em Porto Alegre. Terminei após quase cinco meses morando em São Paulo. Dois momentos bastante diferentes entre si: a pandemia e o famigerado pós-pandemia.
Durante os momentos mais difíceis do isolamento social, me voltei ao estudo de telenovelas. De mera espectadora passei a ler sobre o assunto, comprei meus melhores livros, meus guias de todos os dias sobre esse gênero ora tão desprezado, ora tão enaltecido. É engraçado eu ter abraçado meu lado mais noveleira durante esse período, principalmente por seu suposto caráter vazio, pois tudo o que tive durante os meses em que assisti ao Bem-Amado foram reflexões incríveis.
Isso se deu porque é como se Dias Gomes tivesse vindo do futuro, voltado a 1973 e escrito uma obra que poderia ser ambientada em 2022. No centro dela, um político ambicioso que se elege prefeito com a promessa de inaugurar um cemitério em Sucupira, a cidade fictícia da trama, cujos mortos eram enterrados na cidade vizinha. Mas, como toda telenovela, há um conflito que atrapalha os planos do protagonista: ninguém morria. Começa, então, o desenrolar de O Bem-Amado. Espionagem, violação de direitos humanos, incitação à uma guerra civil e sabotagem de vacinas (isso lembra uma pandemia? um certo político?) são algumas das artimanhas dos quais Odorico Paraguassu se vale para colocar em prática seu ambicioso plano.
Eu não estaria fazendo jus à novela se dissesse que seu mérito se dá apenas pela semelhança assombrosa com o Brasil de todos os dias. Não. Ela é fruto de diversas tensões, muitos atores sociais e um contexto histórico bastante difícil. O ano era 1973, o auge da ditadura militar. A Rede Globo gozava do prestígio de ser a emissora que implantou o “Padrão Globo de Qualidade". Progressismo e conservadorismo conviviam lado a lado na emissora, andavam de mãos dadas em muitos momentos, afastavam-se em outros.
O que faz de O Bem-Amado uma obra atemporal da teledramaturgia é o fato de cristalizar todo esse contexto em 179 capítulos, nos entregar toda essa tensão por meio de um produto televisivo.
A ditadura e a televisão: um pequeno apanhado
É muito difícil falar sobre ditadura militar e televisão. Alguns dirão: “A Globo apoiou a ditadura, são uns crápulas vendidos.”Sim, isso é verdade. No entanto a relação entre repressão e emissoras de televisão é muito mais complicada do que resumir ao fato de que elas se venderam. Precisamos voltar no tempo para entender como O Bem-Amado chegou às televisões brazucas em 1973.
Em meu texto sobre a telenovela O Direito de Nascer, eu trago um pouco do que Renato Ortiz em seu livro, Telenovela: História e Produção, tenta discutir. Ele nos mostra a trajetória da telenovela ao longo de dez anos, dos anos 50 até os anos 60. Até o comecinho dos anos 60, a telenovela ainda bebia muito da radionovela e do melodrama, não tinha um estilo definido e era feita na base do improviso. Para vocês terem uma noção, os atores levavam os próprios figurinos para as emissoras, tamanha a precariedade. Apesar disso, grandes agências de publicidade, como a Colgate-Palmolive e a Kolynos, apoiam as telenovelas como uma forma de promover seus produtos.
Nathalia Timberg e Amilton Fernandes em O Direito de Nascer
Na virada para os anos 60, as coisas começam a mudar de figura. Trocando em miúdos: a telenovela passa de uma trama de capa e espada, inspirada em romances estrangeiros, para algo bastante brasileiro. Isso é evidenciado por Beto Rockfeller, a primeira telenovela a ter um anti-herói, ser ambientada nos dias atuais e incorporar as discussões da época. E a Globo, Jess? Onde ela entra?
A Globo estava dando seus primeiros passos nesse período. Não chegava a fazer frente a emissoras como a TV Excelsior e Record. Quando O Direito de Nascer e A Moça que Veio de Longe estouraram e se tornaram fenômenos da cultura de massa, a Globo reagiu e criou o Departamento de Teledramaturgia, coordenado por Glória Magadan. Foi ali que surgiram novelas como A Rainha Louca, que se caracterizavam por se passarem em épocas distantes, um vocabulário rebuscado. Uma tentativa de se descolar da realidade que batia à porta.
Quando a Tupi e outras grandonas da televisão começam a sucumbir, a Globo começa a emergir. Ela se torna uma grande emissora por diversos fatores, mas o importante aqui é a gente se ater a uma grande característica: o fato de que ela estava de acordo com os objetivos da ditadura militar, ou seja, disseminar os valores da classe dominante, apagar diferenças e padronizar. A Globo alinhava-se com a ditadura a partir do momento em que se apresenta como uma emissora “limpinha", que não mostrava os problemas do país.
No entanto, como eu comentei anteriormente, a televisão tem um caráter bastante dicotômico, e justamente por isso é fascinante estudá-la. Ela apaga diferenças sociais, mas ao mesmo tempo desafia o status quo. O Bem-Amado é um caso muito emblemático disso. Estamos falando de um autor baiano, Dias Gomes, que usou a alegoria de uma cidade pequena para enfiar o dedo na ditadura militar dentro de uma emissora que a apoiava. Percebem como é contraditório? O Brasil é a síntese dessas contradições.
De acordo com esta tese que li sobre O Bem-Amado, a grande sacada da Globo nesse período é que ela consegue esvaziar o conteúdo mais radical desses autores de esquerda, englobando conservadores e progressistas. De fato, se olharmos as censuras que O Bem-Amado sofreu ao longo de seus 170 e tantos capítulos, perceberemos que as críticas mais radicais foram apagadas. Porém, ainda assim, a novela permanece como um ato corajoso diante da realidade que se apresentava naquele 1973, o ano em que a novela começou a ser exibida.
A Sucupira de todos os dias
Naquele 1973, o Brasil passava pelos anos de chumbo. Enquanto o país gritava “Gol!” na Copa do Mundo de 1970, pessoas desapareciam e eram torturadas nos porões da ditadura. O milagre econômico, com as mãos manchadas de sangue, sufocava os gritos de quem morria naqueles porões insalubres. É de 1970 uma das músicas mais emblemáticas desse período, Eu Te Amo, Meu Brasil, dos Incríveis. (minha mãe sempre me conta das aulas de moral de cívica dessa época…)
É nesse contexto que O Bem-Amado começa a ser veiculada. Neste ano, centenário do autor, tive a oportunidade de assistir a uma palestra com a neta de Dias Gomes, Renata Dias Gomes. Nessa ocasião, definiriam O Bem-Amado como parte de um inconsciente coletivo brasileiro. De fato, as novelas de Dias Gomes marcaram os brasileiros, mesmos aqueles que não puderam assisti-las na época em que foram originalmente no ar.
Dias Gomes, autor de O Bem-Amado
Mais do que isso, Dias Gomes fazia uma dramaturgia/teledramaturgia de consciência coletiva. Por meio de figuras alegóricas, como o padre, o prefeito e a beata, ele se vale para falar dos problemas do país. O Bem-Amado funciona como uma farsa, na qual os arquétipos representam tipos bem conhecidos por nós. É por isso que Odorico pode ser Bozo. É por meio do riso que Dias Gomes critica a sociedade, e talvez esse seja o maior trunfo dele. Fazer isso pelo riso é muito mais difícil que o drama.
O Bem-Amado me lembra em diversos aspectos Incidente em Antares, livro de Érico Veríssimo, de realismo fantástico. O absurdo é usado para mostrar o que verdadeiro absurdo que acontecia: políticos fazendo de tudo para atingirem o que desejam, a ditadura matando e torturando e a boiada, ou seja, a massa de manobra passando.
Quando a novela começa, somos apresentados à figura de Odorico Paraguassu (Paulo Gracindo), um político extremamente católico, mas que também recorre às religiões de matriz africana. Isso soa familiar? Pois é. Apesar de respeitar e defender a tradicional família brasileira, ele tem um caso com as três beatas da cidade: Doroteia (Ida Gomes), Judiceia (Dirce Miggliaccio) e Dulcineia (Dorinha Duval). Apesar de respeitar a moral, ele sacaneia o funcionário, tendo um caso com a esposa dele. Não respeita a autoridade policial, nada.
As irmãs Cajazeiras, defensoras da moral e dos bons costumes
Durante os 170 capítulos, Odorico tentará matar, direta ou indiretamente, alguém para enterrar em seu cemitério. Ele não pode sair da prefeitura sem realizar esse feito. Tudo é extremamente bem amarrado para que acontece no último capítulo da novela, a concretização do sonho do prefeito, mas de uma forma muito macabra e farsesca. Irônica, por que não dizer?
Como O Bem-Amado aborda muitos pontos, gostaria de comentar aqueles que mais me chamaram atenção. Senta que vem aí.
O idealismo do Dr. Leão: uma engrenagem no meio de algo muito maior
Logo que a história começa, somos apresentados à figura do Dr. Leão, brilhantemente interpretada por Jardel Filho. Ele é um médico com problemas de alcoolismo, desiludido com a vida e sua profissão. Não acredita em ninguém e carrega uma visão profundamente pessimista da vida.
O Dr. Leão acaba indo parar em Sucupira, para ser médico no postinho de saúde da cidade. É aí que o arco dessa personagem começará, porque é estando perto dos habitantes de Sucupira, e também por se relacionar amorosamente com a filha dele, que o Dr. Leão vai deixando o pessimismo de lado e se armando de revolta contra o status quo, representado por Odorico.
Existem três momentos emblemáticos do Dr. Leão na novela: o causo do incêndio, a revolta dos pescadores e a sabotagem das vacinas. Os três formam um arco bastante interessante, no qual a personagem percebe que não passa de uma engrenagem muito pequena, dentro de um sistema que manipula, mata e prende as pessoas. No entanto, diante de todas essas adversidades, ele não desiste e persiste. Ele é a mosca na sopa, como dizia Raul Seixas, de Odorico Paraguassu.
Em um determinado momento de O Bem-Amado, o filho do prefeito, Cecéu (João Paulo Adour), entra na história. Ele é um playboy metido a besta, muito parecido com os filhinhos de papai de hoje em dia. Cecéu é inconsequente, não se importa com ninguém e só quer “curtir” com as garotas. Um dia, ele e um amigo estão entediados e decidem atear fogo a um homem embriagado que dormia na rua. Por pura diversão.
O Dr. Leão vê os garotos fazendo isso e vai ajudar o pobre coitado. No entanto, como eles são garotos influentes, acabam não sendo punidos. Essa é uma das cenas mais fortes da novela, vemos Cecéu e seu amigo rindo, o riso daqueles que não têm consideração pelos pobres. Os risos da elite. Risos, muitos risos.
A partir dali, o Dr. Leão começa sua ofensiva contra Odorico. É muito interessante, para mim essa personagem representa todos os militantes que tentavam lutar contra algo muito maior que eles, ou seja, a ditadura militar. Com um aparelho repressor de grandes tentáculos, a resistência contra a ditadura parecia quase impossível. Mas ela aconteceu. Indígenas, LGBTQIA+, mulheres, pessoas pretas, todes resistiram. O Dr. Leão luta contra os tentáculos da administração de Odorico.
Já a revolta dos pescadores é um momento por si só bem interessante, porque ele envolve discussões de consciência de classe e massa de manobra. O Dr. Leão tenta ajudar os pescadores na revolta contra o Dr. Jairo (Paulo Gracindo Jr.), que os explora e cobra pelos saveiros que eles usam para pescar. O Dr. Leão, na sanha de ajudar os amigos, acaba sendo interpretado como alguém que só está ali para encrencar ainda mais. Isso me fez lembrar um texto incrível que li, chama-se Pode o Subalterno Falar? Por mais que tenha boas intenções, o Dr. Leão acha-se no direito de falar pelos pescadores, como se eles fossem incapazes disso. É uma situação bastante delicada. Ao mesmo tempo em que os pescadores não têm consciência de classe e apoiam Odorico, as intenções do Dr. Leão são mau interpretadas, como se ele quisesse apenas piorar as coisas. Chega um momento em que os pescadores se levantam contra ele, inclusive.
Por fim, chegamos à sabotagem das vacinas. Não é possível, Dias Gomes veio para 2020 e voltou a 1973 para escrever essa novela! Lá pelas tantas, uma epidemia invade Sucupira. Opa, é uma oportunidade de finalmente alguém morrer na cidade, pensa Odorico. Assim, o prefeito tenta sabotar o fornecimento de vacinas de Salvador para Sucupira. Essa subtrama de O Bem-Amado mexeu muito comigo. A vida imita a ficção. Odorico é Jair Bolsonaro, mas sem o carisma e a lábia. Odorico despreza a vida e anda com um revólver na cintura. Deus acima de todos. É tão absurda a subtrama da vacina se ela não tivesse acontecido de verdade. Um presidente brasileiro sabotou as vacinas e zombou de 700 mil mortos. Pelo menos o Jair da ficção não consegue sabotar a vacina. Esse incidente mostra ao Dr. Leão que não há como fugir de Odorico. Ele controla tudo. Apesar de resistir, o Dr. Leão termina a novela cansado, ele só quer distância daquilo, ter uma vida normal. É muito emblemático o fim desse médico, me parece um pouco o que aconteceria com todos aqueles que lutaram fortemente pela democracia. É o que Belchior canta em Como Nossos Pais, de certa forma.
Violações de toda a sorte em nome da moral e dos bons costumes
Ao longo da novela, as tramas de Odorico para inaugurar o cemitério vão ficando mais refinadas. Uma das mais chocantes são as escutas, instaladas no confessionário da igreja de Sucupira.
Com a ajuda de Dirceu Borboleta, fiel escudeiro e funcionário público, Odorico instala as famigeradas escutas. O aparelho repressivo do prefeito só funciona com a ajuda desse funcionário, um idealista e massa de manobra. Odorico chega a casar a amante com Dirceu, para que ninguém descubra que ela está grávida dele.
Voltando ao caso das escutas, a partir daí começa uma espécie de telefone sem fio na cidade. Ninguém sabe como segredos começam a ser descobertos e usados contra os habitantes da cidade. O padre é culpado e vê seus fiéis fugirem da igreja, com medo de que seus segredos vazem do confessionário.
Violações de toda sorte acontecem em O Bem-Amado, mas ninguém percebe a gravidade, até que sejam diretamente afetados. Para os habitantes de Sucupira, Odorico é um político com boas intenções e que se importa com todos, zelando pela moral e bons costumes. É como os constantes ataques de Jair aos três poderes, não é nada, olha como ele é brincalhão, risos.
É impossível não pensar nas escutas como uma metáfora para a ditadura militar. As pessoas eram constantemente vigiadas e podiam ser descobertas a qualquer momento. A partir daí, Dias Gomes vai nos mostrando como as informações obtidas nas escutas podem ser manipuladas para se atingir o poder. Odorico detém a narrativa ao lado dele.
Se eu tivesse que citar a minha “violação preferida", eu diria que é a vinda do cangaceiro Zeca Diabo (Lima Duarte) à Sucupira. Quando Odorico percebe que ninguém está morrendo, ele tem a brilhante ideia de chamar um temido cangaceiro, banido de Sucupira, para matar algum habitante. Eis que surge a figura de Zeca, e aqui vale a pena a gente se debruçar sobre ela por alguns parágrafos.
Zeca Diabo, o cangaceiro
Quando Zeca abre a boca pela primeira vez, percebemos que ele deseja abandonar a vida do crime. Ele é profundamente religioso, devoto de Padre Cícero. Além disso, sua voz, muito bem trabalhada por Lima Duarte, é motivo de riso, porque não é nada esperado de um cangaceiro. Ou seja: mais um tiro no pé de Odorico.
Zeca, de certa forma, acaba frustrando os planos de Odorico de forma fatal. É interessante pensarmos aqui na ditadura da arma que anda em vigor no Brasil de 2022. As pessoas andam como Zeca Diabo, armadas até os dentes, esperando apenas uma oportunidade de puxar o gatilho. Para Odorico (e Jair), é Deus, bala e família. Matar é de bom tom, desde que seja o meu inimigo. As semelhanças com 2022 continuam profundamente assustadoras.
O dia 30 de outubro e a esperança de um Brasil com menos ódio
Hoje Dias Gomes faria 100 anos, mas o Brasil (com S) representado por ele continua vivo e forte. Eu diria que ele nunca foi de fato embora, uma vez que este país foi fundado na bala e na violência. Desde a invasão do Brasil, passando pela escravização e extermínio dos povos indígenas, vivemos a realidade de Dias Gomes em looping.
É por isso que, mais do que nunca, as obras deixadas por esse baiano incrível são tão importantes. A GloboPlay foi cirúrgica ao colocar O Bem-Amado na plataforma em plena pandemia. Ver e rever para refletirmos o que nos fez chegar até aqui. Somos um país sem memória em diversos aspectos, daí a importância ímpar do acesso a essas obras da teledramaturgia.
Fico pensando no que Gilberto Braga (outro autor do Brasil com S) e Dias Gomes teriam a dizer hoje. De acordo com Renata Dias Gomes, seu avô estava escrevendo uma série sobre ex-militantes da ditadura que viraram conservadores. O cara tinha uma visão aguçada até para o que aconteceria muito antes da Comissão Nacional da Verdade existir.
No dia 30 de outubro, espero que a gente dê um passo em direção a um Brasil com menos Odoricos. É difícil, uma vez que eles estão no tecido social, mas, como o Dr. Leão, não dá para desistir, senão eles nos levam.
Abaixo, deixei alguns links preciosos de materiais incríveis para quem deseja se aprofundar na temática das telenovelas e o Bem-Amado:
Então é isso. Obrigada a você que chegou até aqui, peço desculpas pelo textão.
Se você curtiu a cartinha e quer comentar sobre ela, é possível responder este e-mail. Caso queira trocar uma ideia por outro lugar, você pode me encontrar em:
Um beijo e até a próxima,
Jess
Que texto maravilhoso, Jess, eu tô encantada. Gostoso de ler, e de uma pertinência tremenda. Achei muito legal todo o resgate que você fez dessa obra do Dias Gomes, que eu não assisti mas que os personagens são muito reconhecíveis pra mim. Esse resgate é fundamental mesmo, ainda mais quando você pontua lá no finalzinho, e eu concordo demais, que somos um país sem memória.
Vou te contar uma coisa besta que eu pensava. Uns anos atrás, quando eu ainda tava na faculdade, eu tinha uma preguiça enorme de todo esse papo sobre a ditadura. Sempre me vinha a ideia de que era uma coisa do passado, que parecia horrível, é verdade, mas eu me perguntava pra que ficar revivendo os horrores em vez de olhar pros problemas do presente. Hoje eu fico pensando o quanto se falava pouco. A gente precisa de mais trabalho de resgate como esse seu sendo feito.